terça-feira, 28 de setembro de 2010

A única verdade é o AMOR!

As verdades se cruzam a cada esquina

Se beijam
Se tocam
Reproduzem o som do amor, do perfeito.
Homens sobrevivem, se enroscam
Se vestem de um azul pálido,
frio...
Sombras se formam.
Renascem, vivem...
Se entregam ao amor múltiplo
faceiro, penetrante...
De repente
Um barulho...
Os vidros tremem...
A voz congela...
Passos na escada...
Degraus são violentamente invadidos...
O som vai se espalhando e
Sutilmente se faz presente em cada
Espaço vazio do recinto...
Numa parede distante
Uma imagem esquecida
Repousa surdamente...
O barulho aumenta...
A porta reage...
Passos são seguidos...
A imagem é lembrada.
Então se percebe finalmente
Que a única verdade é o AMOR!


Uma pequena homenagem ao meu amigo, pai e irmão Léo. Que onde ele esteja Deus permaneça sempre no seu coração.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Mesa posta!

Mesa posta. Pão, queijo, melão, laranja... Vida. A desconfiança é o prato principal. Todos saboreiam o seu gosto amargo... O fel é passado em gotas, a calma antecede o vácuo... Uns observam o passar da carne desfigurada... Outros se identificam... O vinho cor de sangue passa de boca em boca... Os lábios se abrem num convite mudo ao desejo. A Indiferença anda em círculos... A comida desce com dificuldade. Todos se embriagam com o cheiro do veneno...
A Hipocrisia é servida como segundo prato. Todos se sentem tentados a prová-la. O calor aumenta. Alguns se perguntam onde está a beleza... Outros se dizem orgulhosos... O riso é pontilhado de fagulhas, o olhar de segredo... O coração bate na pulsação dos segundos... Os talheres passam de mão em mão... O gesto desmistifica tudo... Pernas cruzadas... O som é intocável... As letras voam com destino apropriado...
Pela porta entra o terceiro prato; o Orgulho. Todos o observam e provam um pedaço... No andar de cima casais se beijam e exalam o cheiro do sexo... Lá tudo é permitido... Lá não há mistérios... Todos foram preparados para quilo, uns com mais desenvoltura; outros com mais embaraço... O piano no canto é o único sinal de suavidade... A maquiagem pesada reflete a realidade... O terno e a gravata também... Ninguém se condena. Todos condenam o outro...
A Tristeza é bebida... Esqueceram de preparar a Sinceridade para a mesa... Esqueceram da Ingenuidade. A raiva provoca uma desavença que logo é esquecida... Os sonhos foram apagados... A crença em Deus só no crucifixo preso a uma parede distante... De repente Ele entra e passa despercebido; quem o vê finge que não existe; Ele entra, sobe as escadas... Entra no quarto. Há alguém a sua espera. E o que todos escutam é o estampido do fim da Vida. A noite acaba e todos vão dormir a espera do novo Dia...

Texto publicado na revista "Albatroz Poetas do Poente" em 09/11/1997
Por Andréa Farias